Os diferentes povos e seus Estados formam laços de convívio que, diferentemente do que se pensa, não são baseados exclusivamente em realpolitik, em pragmatismo puro ou em interesses econômico-militares para a garantia da soberania e da ordem.
O poder (e sua manutenção) também abarca um conjunto de valores que representam um padrão de convivência, de conduta e de práticas sociais aceito e prezado pela maioria. Isso é o que tem garantido ao longo da história a existência de uma ordem social.
Esses valores e imperativos morais, contudo, dependem de que as figuras de relevo, símbolos de uma sociedade, como a família real britânica, os exerçam de maneira simbólica e também concreta, na sua vida prática pessoal. É pelo exemplo que os valores são estabelecidos e preservados na memória de um povo!
A despedida da Rainha é uma homenagem a isso tudo. A tudo que ela representou, ao legado de valores que construiu e sustentou em seu reinado. A despedida da rainha é a despedida de uma era que vivenciou momentos singulares!
Contudo, quando o desempenho desses valores é colocado em xeque ou passa por alterações substanciais, a ordem vigente pode entrar em crise e ela é, consequentemente, substituída por outra ordem ético-política, pois não existe vácuo de poder político e/ou simbólico.
Em uma era turbulenta como a atual, em que os valores morais judaico-cristãos que inspiraram a edificação da sociedade no Ocidente são colocados cada vez mais em xeque pela contracultura progressista, a monarquia britânica funcionava como um anteparo, representava uma força simbólica e institucional de referência para os britânicos, a comunidade do Commonwealth e para o Ocidente, também.
A morte da rainha Elizabeth II pode acelerar e ensejar a mudança cultural revolucionária que poderá solapar ainda mais as bases morais do Ocidente, um processo político e cultural que já está em curso.
De todo modo, resta a nós, conservadores, reforçarmos nossos esforços para preservar o legado judaico-cristão que tanto permitiu o avanço civilizacional dos últimos séculos.
God bless the Queen!
Comments